Manifesto da brincadeira

Fui a uma exposição maneiríssima no Museu de Arte Rainha Sofia, em Madri, na Espanha. Sabe como é… Rato de museu não perde uma boa expo, ainda mais quando o assunto é brincadeira!

O nome da expo é Playgrounds. Reinventar a Praça. Ali, eu aprendi umas coisas bacanas que quero contar para vocês. Nem dei bola no começo, mas depois me dei conta de que fiquei conhecendo um pouco da história das brincadeiras urbanas, o que não é pouca coisa, não!

A gente nunca para pra pensar sobre isso, mas brincar na cidade é bem diferente de brincar em outros lugares. E, também, o jeito como brincamos hoje não é o mesmo jeito como os nossos bisavós, avós e pais brincavam quando eram crianças. Eles não brincavam das mesmas coisas nem nos mesmos lugares.

A história das brincadeiras mostra como as crianças ocuparam os espaços ao longo do tempo nas ruas, nas praças, nos parques, nas escolas, em casa, nos terrenos baldios, nas creches, nos hospitais… Enfim, em todos os lugares das cidades.

A história mostra também como a sociedade produziu espaços para atender bem, ou não, às necessidades das crianças.

Aprendi que há várias maneiras de brincar. Pode ser no Carnaval, dançando e fantasiando-se nas ruas, ou até pode ser simplesmente passar o nosso tempo livre sem fazer nada, como quisermos, curtindo uma boa preguiça!

Entendi que é por meio da brincadeira, quando partilhamos espaços que são de todos, que nós nos tornamos mais donos dos lugares onde vivemos e, assim, cuidamos mais deles.

Brincar é o jeito que as crianças têm para estar no mundo, um jeito tão delas, tão especial, que os adultos acabam esquecendo como é que se faz! Para eles se lembrarem, e para as crianças poderem continuar com o seu jeito de ser, precisamos ter lugares reservados para as brincadeiras.

Mas nem sempre foi assim. Houve um dia em que brincar era em qualquer lugar. Depois dessa exposição, fiquei pensando que eu tenho uma missão: fazer esse tempo voltar!

Então eu, Bartô, rato de museu, rato de biblioteca e agora rato de internet, convido a todos os meus amigos, de todas as espécies, humanos e animais, para se unirem nessa missão! Vamos?

Coney Island Crowd

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Se você quiser saber mais sobre a expo, tem um vídeo aqui

Tcha-au!

Fotos:

– Weegee, 1940, Centro Internacional de Fotografia, Legado de Wilma Cox, 1993.
– Louis Sciarli, Fondation Le Corbusier
– Palle Nielsen, © VEGAP, Madri, 2014, © PETERSEN ERIK / Polfoto
– Marcos L. Rosa, Cortesia do autor
– Helen Levitt, Children Playing with a Picture Frame, New York, ca. 1940. Museo Reina Sofia.
– Francesc Català-Roca, Solar con juegos, ca. 1950. Museo Reina Sofia.
– Agustí Centelles, 1936-1939, Archivo Centelles
– Crianças brincando com as esculturas Formas para juegos infantiles: Fotografia atribuída a Joaquín del Palacio. Reprodução de imagem de revista, encontrada aqui: http://www.laciudadviva.org/blogs/?p=9859

 

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