Era uma vez três meninas que tiveram uma ideia: brincar de fazer livro. A primeira contou uma história, a segunda desenhou as ilustrações e a terceira juntou tudo num livro gostoso de ver. Elas ficaram felizes e satisfeitas até agora (“para sempre” é outra história).
Fim!
As meninas ficaram muito felizes, satisfeitas e orgulhosas porque outras meninas, meninos e camundongos (eu!) se inspiraram e resolveram brincar de livro também!
Essas meninas se chamam Alison, Jemina e Rilla.
Rilla é filha de Alison e tia de Jemina, que tem 9 anos. Entendeu?
Rilla trabalha como designer e ilustradora e já publicou alguns livros bem legais, que você pode conhecer aqui.
As três resolveram criar o livro This Is the Story of Sea Hill [Esta É a História de Sea Hill] porque a mãe de Rilla sempre teve vontade de contar as histórias de quando era criança em Sea Hill (algo como “colina no mar”), uma ilha bem pequenininha na Austrália.
No livro delas tem um monte de histórias superlegais! E as ilustrações da Jemina são tão lindas!
Sea Hill é um lugar com muitas praias bonitas e um farol que sempre fazia companhia a Alison em noites escuras, porque ela podia vê-lo da janela do quarto onde dormia.
Às vezes, ela e seus amigos não iam à escola e, em vez disso, organizavam aventuras em algum lugar desconhecido da ilha… Imagine que demais?! Teve até uma vez em que ela encontrou um cobra de verdade no banheiro e levou o maior susto!
Pedi à Rilla que me contasse como foi a brincadeira de fazer o livro em família. Ela não só me escreveu uma carta linda cheia de detalhes, como também mandou algumas fotos incríveis pra gente ter uma ideia de como era Sea Hill nos tempos de infância da Alison.
Eu gostei tanto desse negócio de transformar as memórias da família em histórias e desenhos que vou chamar meu avô, minha avó e minha tia para fazermos um livro também.
Depois é só compartilhar com quem a gente gosta!
Fiquem agora com a Rilla! Tchauzinho!
Legenda: Aqui vai uma foto da minha mãe e do farol em Sea Hill que ela adorava quando pequena. Incluí também uma fotografia dela numa moto com o irmão, a mãe e o pai (meu avô), conhecido como Capitão. Tem também uma foto dele no leme de um navio.
“Minha mãe sempre gostou de contar a Jemina histórias de sua infância em Sea Hill durante os anos 1950 e 1960. Mas ela queria guardar essas histórias para sempre e dividi-las com amigos e parentes. Então decidiu escrevê-las.
Jemina e eu sentamos juntas um dia para transformar essas histórias em um livro. Eu logo percebi que a tarefa de ler as histórias e descobrir o que ilustrar era um pouco complicada para ela. Jemina prefere copiar os desenhos de algum lugar e acha difícil e frustrante desenhar a partir do que imagina. Olhar fotos de Sea Hill não facilitou as coisas. Ela fez um desenho com canetinha preta e disse que não queria continuar.
Eu queria que o nosso projeto fosse divertido, que pudéssemos fazer tudo juntas e que ela tivesse inspiração para os próximos passos. E eu sabia que a coisa que ela mais queria era experimentar a minha Wacon Cintiq (uma caneta digitalizadora) para desenhar.
Então eu fiz esboços rápidos para cada história, Jemina ficou observando e começou a trabalhar com a caneta sobre a tela, direto no Photoshop, que é um programa de computador. Selecionei inicialmente as cores, mas ela rapidamente entendeu a ferramenta de seleção de cor e, sem hesitar, escolheu cores limpas e luminosas. Sentei com ela e cuidadosamente salvei os arquivos e a encorajei a parar antes que os desenhos ficassem muito complicados. Até porque eu sabia que estava compilando desenhos que depois seriam usados como ilustrações para um livro, então eu precisava ter espaços limpos para o texto. E também porque ainda tínhamos muito trabalho a fazer!
Nós fizemos mais de 50 ilustrações em uma semana. Ela trabalhou duro. Tinha me visto antes sentada trabalhando por semanas e talvez tenha entendido que essas coisas levam muito tempo mesmo.
Eu fiquei encantada com suas ilustrações. Afastar a ansiedade que Jemina sentia sobre o que desenhar permitiu que ela ficasse só com a parte divertida. Eu gosto da forma como ela finaliza meus desenhos – ela é melhor que eu!
Quando nós terminamos de ilustrar, diagramei o livro, imprimimos usando o Blurb e distribuímos à família e aos amigos. Jemina o levou para mostrar na escola. Eu perguntei se os amigos tinham acreditado que ela havia feito aquilo e ela disse: ‘Claro, tem o meu nome na capa. E a minha foto atrás’.
Fazer livros é parte da nossa tradição familiar. Quando eu era bem pequena, minha mãe colocava meus desenhos na máquina de escrever e eu ditava a história para que ela datilografasse. Assim, ela transformava meus desenhos em livros completos, com capa, biografia do autor e sinopse na contracapa. Tornou-se um costume nosso fazer livros para nossos avós todo ano e, no dia de Natal, eles desembrulhavam nossos livros e nós ficávamos superansiosos esperando eles lerem e olharem cada página. Minha mãe sempre foi a força motriz por trás desse costume, e por isso fiquei muito feliz por Jemina e eu termos conseguido dar a ela o SEU próprio livro no Natal!
Quando eu mostrei à minha mãe que eu tinha colocado os desenhos e as histórias na internet, ela disse que isso fez com que ela percebesse o quanto aquilo tudo era pequeno e, de algum forma, sem importância. (Eu acho que ela se referiu a levar as histórias para fora do contexto familiar e percebê-las ínfimas no grande oceano da internet.) Mas eu adoro poder compartilhar as coisas que fazemos e espero que elas possam inspirar outras pessoas. Se minha mãe não tivesse feito livros comigo quando eu era pequena, provavelmente eu não estaria fazendo o que eu faço hoje.”