Quando a gente exagera muito em alguma coisa, essa coisa fica, no mínimo, engraçada, mas pode ficar assustadora, imponente, grotesca, chamativa, irritante, fantástica, exuberante ou até constrangedora.
Percebi esses efeitos vendo três esculturas gigantes que tenho certeza de que vocês vão adorar conhecer! No caso delas, o fato de terem sido agigantadas fez com que ficassem muito intrigantes.
Vi cada uma bem de pertinho e confesso que me senti minúsculo. Camundongo é pequenininho! Vocês podem me imaginar olhando para elas de queixo, quer dizer, focinho caído? Essas obras tão notáveis ficam nas cidades de Chicago, Nova York e São Francisco, todas nos Estados Unidos.
Na primeira, eu pude não só dar uma olhada, uma farejada e um tapinha com minha cauda magrela, mas também dar uma voltinha em cima, pular, correr e escorregar na rampa! Acredita? Foi em Chicago, em uma praça que fica na região comercial, onde eu não esperava poder brincar.
Essa escultura, que tem 15 metros de altura, foi projetada em 1965 pelo artista espanhol Pablo Picasso, que você já deve conhecer, porque ele é muuuito famoso. Picasso foi chamado pelos arquitetos que projetaram o prédio que fica atrás da escultura para desenvolver um trabalho para a área da frente.
Na época, teve até uma polêmica, porque muitas pessoas não gostaram ou não entenderam o pensamento que a escultura trazia. Eu gostei bastante, principalmente da parte que escorrega e daquela forma lá em cima que me lembra uma cara de macaco! Será que essa giganta representa alguma ideia específica? Ou várias? Será que foi um exercício de desenho com planos recortados, como esses que gosto de fazer em casa com papel e tesoura? Nossa, só que o Picasso fez em aço e com recortes bem grandinhos, não é?
Fiquei imaginando o que teria passado pela cabeça dele quando projetou, então resolvi consultar minhas fontes de rato de internet: parece que ele entregou o trabalho em forma de maquete, essa da foto aqui embaixo, e ela serviu de base para que uma indústria forjasse a peça final em aço.
Depois dessa, pude conhecer outra escultura grandona produzida para um contexto parecido. Como a do Picasso, esta também foi feita a partir do pedido do arquiteto que projetou o edifício da praça onde ela está instalada, na região da cidade em que há muitas empresas que trabalham com finanças (ainda bem que os arquitetos e os donos de edifícios às vezes têm essa ideia incrível de chamar artistas legais para fazer obras de arte acessíveis ao público!).
Vocês vão pirar com esta! Ela se chama Grupo de Quatro Árvores (ou Group fo Four Trees, no título em inglês), do artista francês Jean Dubuffet.
O que mais me chamou a atenção foi que ela parece um rabisco, uma garatuja, sabe? Esses desenhos que a gente faz assim bem livres, só por vontade de fazer! Se eu olhar nos meus cadernos e se você olhar nos seus, aposto que tem um monte de desenho assim! Olha só como esse traço maluco contrasta com as linhas retas da cidade ao redor… Interessante, não é mesmo?
E é bacana também que dá para passar embaixo e sentir o tamanho dela, dá para tocar, dá para ficar ali um tempo olhando para o alto e admirando, pensando em um monte de coisas, dá para olhar de perto e de longe e perceber a diferença. Enfim, dá para fazer tudo o que você tiver vontade para aproveitar essa escultura do jeito mais legal que puder inventar!
Como eu gostei muito dessa também, advinha o que fiz? Fui pesquisar sobre ela, claro! Mas dessa vez foi na biblioteca. Descobri que Dubuffet foi um artista que gostava de pesquisar a arte dos loucos, das crianças e das pessoas que não estudam arte em geral.
Ele queria conhecer cada vez mais como esses artistas autodidatas se expressavam, por isso ele colecionava obras de arte feitas por eles e até criou uma expressão para descrevês-las, a arte bruta.
Mas peraí, então faz sentido que essa escultura pareça um desenho de criança! Sim, acho que faz sentido mesmo! Parece que Grupo de Quatro Àrvores foi projetada e construída entre 1969 e 1972, em uma fase em que Dubuffet estava pintando e desenhando bastante (e ele já tinha mais de 40 anos) com caneta esferográfica, e ainda pesquisando muito esse traço que parece rabisco e o uso de grandes formatos como suporte dos seus trabalhos.
E parece também que ele fez muitas outras esculturas como essa em outras cidades pelo mundo e até uma chamada Jardin d’Émail (Jardim de Esmalte, em tradução livre) do tamanho de uma praça enorme onde você pode caminhar sobre o piso… Uau! Essa eu vi aqui, e é demais!
E ainda tem mais uma escultura gigante que quero mostrar! Já estão cansados? Prometo que mostro rapidinho, olha ela aí!
E sobre o artista, sei que se chama Claes Oldenburg, nasceu na Suécia e depois se mudou para os Estados Unidos, onde ainda vive e trabalha, e já deve ter perto de 90 anos de idade.
Oldenburg produziu muitos trabalhos em grande escala como esse em parceria com a artista Coosje van Bruggen, sua esposa. Por exemplo, outras esculturas gigantes, como este saco de batatas fritas e esta ponte em forma de colher com cereja. Neste vídeo aqui dá para ter uma ideia de quanta coisa divertida eles já fizeram juntos!
Oldenburg, no início de sua carreira de artista nos Estados Unidos, ficava muito intrigado com as coisas que via pelas ruas da cidade, muito diferentes do lugar onde ele nasceu. A grande quantidade de imagens, produtos, luzes, cores e informações visuais para todos os lados o deixavam maravilhado e com uma pulga atrás da orelha.
Lá pelos anos 1960, isso tudo ainda era novidade e deixava os artistas pop entusiasmados. Eles questionavam a cultura do consumo em excesso que então ganhava força e, ao mesmo tempo, reproduziam em seus trabalhos o visual exuberante das ruas das grandes cidades. E com Oldenburg não foi diferente, ele participou ativamente dessa história.
Fiquei pensando nesse alfinetão aí… De segurança ele não tem nada! Imagina se ele cai e espeta alguém?
Certo, ele não vai cair porque não é um alfinete de verdade, mas uma escultura. Acho engraçado como esses artistas brincam com os nossos sentidos e nossa forma de entender o mundo à nossa volta! Ao exagerar a forma de um objeto tão simples e útil, acabam por transformá-lo em um objeto complexo e sem função utilitária. E assim fazem a gente parar para pensar um pouco sobre o significado das coisas mais banais!
Um abraço enorme, até já e não se esqueçam de me contar se conhecem outras esculturas gigantes por aí, estou esperando!
Tchau, tchau!